Pedro Barbosa

Lançada há algumas semanas, a série original da Netflix “13 Reasons Why”, tem causado grande polêmica, por tratar de temas delicados como suicídio, bullying e estupro. Produzida (também) pela cantora pop Selena Gomez, o seriado é baseado no livro Os 13 Porquês, de Jay Asher. Há inúmeras reverberações na Internet sobre o seriado, criticando, elogiando, dentre elas, que a série estaria vangloriando o suicídio, o que poderia aumentar o número de tentativas de tirar a própria vida entre os adolescentes.

Antes de tirar conclusões precipitadas, baseadas nos comentários em redes sociais, programas de rádio ou blogs, resolvi escutar as 13 fitas de Hannah até o final. Ou melhor, assistir aos 13 episódios. A trama começa quando o jovem Clay Jensen (Dylan Minnette) recebe um pacote com fitas cassete gravadas por Hannah Baker (Katherine Langford). Nelas, a estudante lista as 13 razões que a levaram a dar fim a própria vida. Clay é um desses motivos e, depois de ouvir as fitas, ele precisa passar a mensagem para os demais envolvidos.

Nos primeiros episódios, confesso que achei a série um tanto melancólica. Pensei em não escutar todas as fitas. Mas, só poderia entender o que aconteceu com Hannah depois de assistir toda a trama. Essa história não é só sobre Hannah. É sobre Clay, Jessica, Jeff, Justin, Alex, Ana, Paula, Pedro ou João. É também, sobre os 13 porquês de Hannah. As 13 pessoas que fizeram algo que a deixara, de alguma forma, magoada. Ou, poderia ser sobre o colega de escola que você zoou, xingou ou desrespeitou.

A série trata de muitos temas que temos dificuldades em abordar. Causa um certo desconforto inicial. Mas, traz à tona a importância de debatermos sobre a cultura do estupro, depressão, bullying virtual e suicídio. Também alerta sobre como um boato pode causar uma série de problemas a uma pessoa. Devemos refletir sobre nossas responsabilidades no meio deste caos que é a vida contemporânea. A menor coisa que fazemos para alguém, por mais simples ou sem maldade que possa parecer, pode mudar a vida desta pessoa para melhor ou para pior.

Se por um lado 13 Reasons Why é uma série melancólica e trata de temas complexos, por outro, ela nos dá esperança. Mostra as possibilidades que perdemos a todo instante e que precisamos melhorar a maneira que tratamos uns aos outros. Por fim, também nos ensina que não há nada, absolutamente nada, que valha um suicídio.


Série aborta temas delicados, como bullying, estupro e suicídio

Busca por ajuda

Um reportagem do jornal Zero Hora aponta que, desde o lançamento da série, no início de abril, voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV) notaram um crescimento acentuado na quantidade de contatos com pedidos de informação e ajuda. Os e-mails diários mais do que quintuplicaram, passando de uma média de 55 para 300. Os acessos ao site saltaram de 2,5 mil ao dia para 6,7 mil. Os telefones tocaram sem parar — em Porto Alegre, o número de ligações dobrou —, muitos deles acionados por adolescentes às voltas com sintomas depressivos e pensamentos suicidas. Vários desses jovens citaram, como gatilho para a ligação, o seriado 13 Reasons Why. “Eu me identifico com a Hannah”, contaram muitos deles.

Não fosse a ampla divulgação da série, muitos desses contatos certamente não ocorreriam. O site 13reasonswhy.info, que aparece ao final da trama, divulga telefones, sites e contatos de grupos especializados de apoio à temática em todo o mundo. Dentre eles, o CVV, no Brasil. Agora pare e reflita: se 13 Reasons Why não tivesse levantado o debate em torno desta questão, você saberia procurar o CVV?

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