

Foi um jogo épico! Digno da grandeza de Inter e River Plate. A partida que definiu a classificação colorada para as quartas de final da Copa Libertadores da América, realizada na última terça-feira, 8, teve um roteiro digno de filme.
Antes mesmo da bola rolar, os atores figurantes dessa narrativa protagonizaram o maior Ruas de Fogo da história do Beira-Rio, contagiando os atores principais, que logo entrariam em campo.
Quando a bola começou a rolar, o Colorado tratou de buscar reverter o resultado. O time atacou, lutou e brigou muito. Criou inúmeras chances, mas não conseguiu sair do 0 a 0 no primeiro tempo. Eu sabia que não seria fácil! Afinal, na emoção, às vezes esquecíamos que do outro lado tinha o River Plate, uma ótima equipe, com tradição na competição.
Como toda boa narrativa, parecia que o nosso herói alvirrubro iria voltar do intervalo como nos outros jogos. Lembranças das eliminações recentes em casa contra Melgar, Caxias e América-MG começavam a passar em minha cabeça. Aquela dúvida em forma de dor, que ecoava e parecia que iria silenciar um estádio com mais de 50 mil pessoas.
Porém, o filme dessa noite não era outra desventura em série. Mas sim, de ação, onde os protagonistas lutam até o fim para vencer a batalha. O que se viu no segundo tempo foi um Inter aguerrido que, diferente dos outros jogos, não se contentou com a derrota.
O colorado abriu o placar aos 24 min da segunda etapa, com um candidato a herói improvável: o contestado Mercado, que boa parte da torcida pedia que saísse do time. Seria ele o nosso protagonista da noite? O 1 a 0 levava o jogo para os pênaltis, que era algo que ninguém queria (pelo menos do lado vermelho).
Como essa história também trata sobre aprendizados, o técnico Eduardo Coudet mostrou que aprendeu com os erros cometidos nos primeiros 90 minutos, onde fez substituições que pioraram o time e custaram o resultado. Chacho foi cirúrgico nas substituições. Os ingressos de Pedro Henrique e Luiz Adriano, nas vagas dos já esgotados Aranguiz e Maurício, retomaram o ímpeto colorado. Como quem diz, essa guerra não vamos perder. Hoje não!
Aos 32 min, Alan Patrick cobra falta, a bola desvia no zagueiro, enganando o goleiro Armani. O placar de 2 a 0 era suficiente para classificar o Inter para as quartas de final. Parecia que o nosso filme estaria chegando ao seu clímax. E, com um final feliz para os colorados.
Mas, como nem tudo são flores para o calejado torcedor colorado, ainda faltava mais uma dose de emoção. O gol de Rojas, aos 45 min da segunda etapa foi um balde de água fria. Daqueles em que o herói é surpreendido pelo inimigo logo quando está próximo de salvar o dia.
A disputa por pênaltis teve contornos de drama! As cinco primeiras cobranças foram impecáveis de ambos os lados. O pênalti convertido por Valencia chega a ser um deboche de tão bem batido. Aliás, que partida do equatoriano que, aos poucos, vai se ambientando e mostrando que é um jogador com muita força e explosão. Vai ajudar muito.
Ah! Nas cobranças alternadas tivemos o inacreditável pênalti batido com os dois pés (que ocorre quando o jogador dá dois toques na bola). Só que dessa vez quem protagonizou esse lance inacreditável foi o argentino Solari e não De Pena. Após a anulação da cobrança, coube justamente ao uruguaio a bola do jogo. Seria ele o nosso tão esperado herói? PQP! PQP! Não foi dessa vez. De Pena dispara um belo tiro, mas a bala acerta o escudo blindado do soldado (também conhecido como travessão).
Aquela história que começou como uma desventura em série, passou para um filme de ação, depois drama, começava a ganhar contornos de filme de terror. E daqueles dignos de Hitchcock. Que nada! Essa história estava mais pra filme do Tarantino, onde todo mundo leva tiro e os protagonistas vão mudando ao longo do caminho. Mas que, no final, o herói vence!
E coube ao goleiro uruguaio Rochet, que havia evitado uma goleada na Argentina, salvar a noite. Parece inacreditável, mas como o arqueiro conhecido como bom pegador de pênaltis, que não conseguiu defender uma cobrança seria o herói dessa história?
Teria ele pego a última cobrança? Mas o River Plate começou a bater primeiro. Ainda haveria um jogador colorado para executar outra cobrança. E não é que, após 9 cobranças alternadas, o árbitro Andres Matonte (aquele mesmo que não marcou pênalti no Bustos, picotou o jogo e deixou a catimba dos argentinos rolar) resolveu trocar o lado onde estavam sendo batidos os pênaltis, por causa do estado da marca do pênalti?
Na décima nona cobrança alternada Rojas, o vilão que fez o gol que encaminhou o jogo para as penalidades, acertou a trave. Vitão seria o próximo batedor. Afinal, era o último jogador de linha. Foi aí que brilhou a estrela de Rochet: ele pegou a bola e matou no peito a responsabilidade!
A cobrança forte do experiente goleiro uruguaio foi o capítulo final dessa narrativa, garantindo um final feliz para milhões de colorados. O Internacional está nas quartas de final da Copa Libertadores! Agora, vai encarar o Bolívar na busca pelo tão sonhado tri da América.
Perfeito… Tarantino não escreveria melhor roteiro.
Acho que os jogadores do Internacional deveriam ler teu texto para ter uma ideia do sofrimento que foi assistir esse jogo como um torcedor Colorado.