
Um misto de tensão e alegria. Essa foi a sensação que tive ao voltar ao estádio Beira-Rio após mais de um ano e meio. Minha e, talvez, dos mais de 25 mil colorados presentes no Gre-Nal 434, válido pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Tensão, devido a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e o receio de estar em um ambiente de aglomeração. Mas, também, em função do jogo. Tivemos um primeiro tempo de muita dedicação, entrega e marcação. Porém, com poucas chances criadas por ambas as equipes. O gol de Taison, aos 39 minutos da primeira etapa, trouxe a impressão de que seria uma noite tranquila para os colorados. Pouco depois, aos 45, Patrick acertou a trave. A partida foi para o intervalo e, com ele, a sensação de que o Inter poderia mais. Porém, o que estava reservado para o segundo tempo era um Inter se defendendo bravamente e o Grêmio indo para cima. No desespero, no abafa e na gritaria. Sinais de um time que luta desesperadamente para escapar do terceiro rebaixamento em sua história.
Alegria, pela vitória por 1 a 0 sobre o penúltimo colocado (também conhecido como o maior rival). Esse é o tipo de jogo que resgata o brio do torcedor! Mas, não foi só isso. Foi também, um Gre-Nal para lavar a alma dos colorados; dos jogadores fracos e sem vontade, que tremem na hora da decisão; dos chama derrota; do grupo perdedor que não ganha Gre-Nal, muito menos títulos; e claro, não podia faltar o chama gol, que foi um expectador no primeiro tempo, mas fez a defesa que garantiu a vitória apertada. Não cabe aqui citar nomes, pois, se você está lendo esse texto, certamente se identifica com algum jogador colorado. Ou, talvez com todos eles.
Por fim, cabe falar sobre respeito. Da parte vermelha, não faltou ao time do Grêmio. Tanto dos jogadores, como da torcida. Foram mais de 85 minutos em que a torcida gritou e incentivou o Inter, sempre respeitando o arquirrival. Foi somente nos minutos finais, quando a partida ia se encaminhando para o desfecho, que o estádio veio abaixo. Daí sim, pela primeira vez, a torcida colorada soltou o grito que estava engasgado há muito tempo: “Arerê” … (o resto da letra vocês devem saber).
Após o árbitro encerrar o clássico 434, jogadores e torcida começaram a comemorar. Uma vitória que valeu como um título, sim! Ganhar do rival é sempre bom. Muitas vezes, vale como um troféu. Ainda mais em um ano de muitos erros de estratégia, planejamento e contratações que não renderam o esperado. Foi o que restou, confesso e acuso esse golpe.
Durante a comemoração pela vitória, Patrick correu até a torcida colorada, pegou dois “caixões” (que simbolizam, nesse caso, o provável rebaixamento do Grêmio para a série B, assim como as diversas fantasias de fantasma que vimos pelo estádio) e correu para o centro do gramado, para comemorar. A brincadeira foi o estopim para uma confusão generalizada entre os jogadores, que trocaram empurrões.
Por um lado, uma briga desnecessária. Afinal, o jogo já tinha acabado e não havia “motivo” desportivo para a confusão. No futebol, assim como na vida, é preciso saber ganhar. Mas, principalmente, saber perder. Nos últimos anos, foram muitos minutos de silêncio para o Inter que morreu, pagodes e outras flautas. Não entro nessa história de que jogadores não podem agir como torcedores. Ao contrário, penso que embora profissionais, não são robôs. Mas sim, pessoas que sentem como todos nós, torcedores. Nas vitórias, derrotas e nas críticas, que muitas vezes são pesadas e desnecessárias.
Bora comemorar a vitória no clássico Gre-Nal, que valeu como um título, porque amanhã vamos continuar falando sobre o jogo em mais um episódio do Grenal Corneta. Acompanhe a gente lá!