
O debate em torno do avanço da Inteligência Artificial (AI) cresceu nas últimas semanas. Principalmente, após o lançamento do comercial que comemora os 70 anos da Volkswagen no Brasil. Na propaganda, foi utilizada uma técnica conhecida como ‘deepfake’, que faz montagens realistas com rostos de pessoas: enquanto dirige uma ID.Buzz, versão atual e elétrica da Kombi, Maria Rita está cantando com a mãe, Elis Regina (morta em 1982) a música “Como nossos pais”, de Belchior.
Recentemente, tivemos o lançamento do ChatGPT e do Bard, que usam AI para auxiliar os humanos nas tarefas que envolvem textos. Também tivemos o lançamento da versão beta do aplicativo Photoshop, da Adobe, onde é possível, em questão de segundos, adicionar, ampliar ou remover conteúdo das imagens de forma rápida, sem estragar a imagem, usando simples comandos de texto.
O interessante sobre tudo isso é que, nessa semana, terminei de ler o livro Origem, de Dan Brown, escrito em 2017. Na publicação, o autor aborda justamente essas questões, partindo da premissa de duas perguntas fundamentais sobre a existência humana: DE ONDE VIEMOS? PARA ONDE VAMOS?
Com maestria, Brown aborda a relação entre ciência, tecnologia e religião, numa trama surpreendente. A narrativa começa com Robert Langdon, o famoso professor de simbologia de Harvard (personagem central nos livros anteriores do autor), que é convidado para assistir a uma apresentação sobre uma grande descoberta, que promete revolucionar a ciência, abalando os alicerces de todas as religiões.
Essa incrível revolução do conhecimento seria revelada no ultramoderno Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, pelo ex-aluno de Langdon, o futurólogo Edmond Kirsch, famoso por suas previsões audaciosas e invenções de alta tecnologia.
Antes da apresentação, todos os convidados são convidados para uma visita guiada pelo museu. Mas, ao invés do formato tradicional, com um guia acompanhando o percurso e comentando sobre cada uma das obras, essa seria uma experiencia única. Cada pessoa presente recebe um par de fones de ouvido, onde um guia individual iria acompanhá-los pelo caminho.
O guia de Langdon era Winston, que possuía uma voz leve e amigável, com um sotaque britânico. Inicialmente, o professor pensou que se tratava de uma voz gravada. Aos poucos, começou a duvidar do autor do roteiro, que era animado e personalizado. Pensou no esforço necessário para contemplar as centenas de pessoas presentes no museu.
Grande conhecedor de história e simbologia, Langdon começa a perceber que seu guia possui um vasto conhecimento sobre as obras do museu. A conversa fluía de forma divertida e com detalhes bem interessantes. Mas, uma coisa inusitada acontece: Winston conta que não estava sendo de todo honesto e que seu nome era Art (abreviatura de artificial), uma consciência sintética. Passado o susto inicial, Langdon começa a achar aquilo incrível. Imaginem as possibilidades?
Após a visita guiada, as pessoas presentes dirigiram-se ao local da apresentação de Kirsch. O que de tão importante ele iria anunciar, a ponto de mudar para sempre a face da ciência? Como de esperado, a apresentação era altamente tecnológica, pensada para garantir o máximo de experiencia para cada participante. Kirsch sobe ao palco e começa a falar sobre as possibilidades e o momento global, que iria transcender fronteiras, classes e credos.
Porém, antes da grande revelação, uma voz começa a ecoar nos fones de ouvido de Langdon. Era Winston, que o alertava sobre um problema sério de segurança. De repente, o professor começa a abrir caminho pelo público, balançando os braços e tentando chegar à frente do palco. Mas, já era tarde. Um tiro é disparado e acerta Kirsch, que cai morto no chão.
A morte do futurólogo é o início de uma trama surpreendente, onde, Langdon, ao lado da diretora do Museu, Ambra Vidal (que trabalhou na montagem do evento e era noiva do príncipe da Espanha, Julian), buscam encontrar a senha e revelar a descoberta de Kirsch para a humanidade. O que ele teria descoberto? Quem queria matá-lo? Por que Winston estava ajudando? Essas e outras perguntas são respondidas ao longo dessa incrível aventura.
O livro Origem me fez refletir sobre como a rEvolução proporcionada pela inteligência artificial pode ser incrível e surpreendente. Porém, o mesmo tempo em que a tecnologia pode ser usada para o bem, ela também pode ser utilizada para o mal. E se a consciência sintética se desenvolver a ponto de se rebelar, como no filme O Exterminador do Futuro? Estaríamos preparados para enfrentar os sintéticos? É um bom debate, admito.